domingo, 14 de setembro de 2008

Do lado de lá da faixa


Quando pequeno, disseram-lhe pra olhar para os dois lados da rua, antes de atravessar. Agora nem notamos, mas isso é um instinto, automático.
Quando pequeno, disseram-lhe pra não criticar porque isso era feio, errado. Agora nem notamos, mas criticamos como um instinto, e muitas vezes esse instinto é muito mais selvagem do que deveria ser.
Ainda somos selvagens. Não vamos mudar, pois quanto maior o esforço que fazemos para sermos algo que não nascemos pra ser, tornamo-nos ainda mais rudes.
A faixa de pedestres é uma marca, inventada pelo homem, pintada no asfalto, que lhe passa a idéia de ser um lugar seguro para atravessar. Mas será que realmente existe um lugar que lhe garanta proteção em uma travessia? Carros podem atingir velocidades altíssimas.
A crítica, por sua vez, não foi inventada. Já veio "instalada" no homem. Tem vida própria. Aguça-se observando o cotidiano, e é usada como arma quando não nos conformamos com o que assistiu. Podendo ser arma letal, de "brincadeira" ou como um choque, apenas para alertar.
"A arte de julgar pode ser um defeito se usada sem nenhum escrúpulo". Mas pera aí, né? Duvido que todo pintor fez boas pinturas. Talvez usou demais o verde... talvez desapareceu com o vermelho... talvez esqueceu do verde, amarelo e azul.
O crítico é como o pintor, tenta impressionar, mostra seu ponto de vista na obra e espera assim por uma crítica a respeito do resultado. Às vezes exageram. Algumas vezes a conclusão não agrada, pois não chama a atenção. Até podem virar como a famosa "Monalisa", ou "O grito de Munch":assustador para alguns; arte para outros.


"Talvez usou demais o verde... talvez desapareceu com o vermelho... talvez esqueceu do verde, amarelo e azul."



Crítica: forma de expressão e julgamento, buscando mudanças, ou apenas um simples alerta.
Critique também, mas lembre-se olhar pros dois lados antes de atravessar. Essa travessia pode lhe custar a vida. Levar-te ao outro lado, que pode ser o melhor naquele momento, o mais seguro. Sua passagem pode inspirar outros a tentar, e assim obter o resultado esperado.

Olhe pros dois lados antes de decidir sua última palavra, a crítica.

(Foto por Brett Gregory Johnson)