domingo, 2 de novembro de 2008

Roubaram o verde

(Foto por Ricardo Mallaco)

Roubar é tão feio. Olhe lá em Brasília, nas ruas de grandes e pequenas cidades, dentro das escolas, fora delas, no estádio de futebol, na administração do seu time, no banco, padaria, barzinho e supermercado.
Tem muita gente roubando. Roubando de tudo um pouco. Rouba-se carro, caneta, computador, bolsa, carteira, dinheiro, relógio, foto, comida... Rouba-se felicidade, amizade, liberdade, amor, esperança, paz, vida. Rouba-se até planta.
"O quê? Planta?" ÉÉÉÉ! Você acredita? Não estou falando de biopirataria, não. Isto também é roubo, mas queria falar de uma simples plantinha que foi furtada.
Há umas semanas atrás, quando estava indo para a faculdade, saindo do meu prédio, notei que havia um buraco no jardinzinho que fica logo ao lado do portão. Pensei comigo mesmo, um cachorro, talvez um tatu ("tatu no meio de Belo Horizonte?" vai saber né? Com esse aquecimento global, tudo é possível) tivesse cavado um buraco a procura de comida. Não sei. Imaginei umas três coisas. Até que a zeladora do prédio apareceu e disse: "Viu, roubaram a plantinha!"
Eu não sabia o que pensar, mas logo aprendi e pensei: "O que mais me falta ver nesse mundo?"
Não pode ser. Era uma plantinha. Estava lá, na dela, respirando esse ar poluído de Belo Horizonte, pensando (mas pensando muito mesmo) em quem votar pra prefeito. Mas alguém vem e leva a coitadinha embora. Não pediram resgate nem nada. Levaram o verde.
Eu não sabia o que pensar, mas logo aprendi e pensei: "O que mais me falta ver
nesse mundo?"

Agora está aí, gente roubando planta da Amazônia, cortando, queimando, contrabandeando...
Não acredito que ladrão começa roubando bancos e carros de uma hora pra outra. Começa quando pequeno, na escolinha rouba a borracha do colega, depois rouba a bola do colega, depois perde o colega, compra outros por meio de roubos, e por aí vai.
Nesse caso não penso diferente, começa roubando essa planta de jardim, e dentro de alguns anos, sua imaginação pode dizer qual será o futuro desse sujeito.
Literalmente, roubaram o verde!