sábado, 19 de fevereiro de 2011

De faixa a sofá, de sofá a faixa.

(www.flickr.com/ricardomallaco)

Foram meses e mais meses sem postar, mas aqui estou.

Eu confesso, perdi para a crítica. Não que eu tenha deixado de criticar, mas sim, sido atropelado por ela. A mesma faixa que eu constantemente atravessava, agora estava lá como um sofá, onde eu, comodamente, sentei e assisti tudo dando notas de 0 a 10.

Virei prisioneiro da minha própria crítica e me senti bem. Meu cinismo, meu olhar, minhas fotos. Perdi o que acho bonito de falar: “o tato”. Talvez até mais do que isso. Perdi a visão, os limites, a estrutura, o sabor e a sabedoria.

Tentei várias vezes voltar a escrever para o Faixa Crítica, mas não dava. Hoje, no dia em que ganhamos uma hora a mais para viver, realizo que perdi um ano.

“Todos nós sabemos: o mundo é ruim”, diz o Rodrigo em Subprodutos(Dead Fish). Sim, ele é uma merda, mas eu extrapolei. Deixei que toda essa maré de crueldade tomasse conta de mim. Não que eu tenha desejado o mal a algumas pessoas, mas também não desejei coisas boas para elas, e é aí que está a perda da estrutura, e quando esta cai, pode saber que o resto é só consequência.

É assim, críticas são como lixos espaciais que jogamos em outros planetas, ou seja, outras pessoas. Mas, infelizmente, um dia eles podem voltar e entrar na nossa órbita, e aí meu caro, o lixo vem pegando fogo.

Já tinha esquecido como era o jeito correto. Esperar pelo sinal verde para pedestres, olhar pros lados, caminhar pela faixa e por último, e mais importante, chegar são e salvo do outro lado. Ok, eu não cheguei são.

Hoje, com essa uma hora a mais que o fim do horário de verão me proporcionou, eu pude escrever esse texto com inspiração. Não posso prometer que ela voltará em breve, mas eu torço para que se voltar, que volte como crítica construtiva, pois de destruição eu ultrapassei minha cota do ano.