quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014


segunda-feira, 15 de abril de 2013

sábado, 19 de fevereiro de 2011

De faixa a sofá, de sofá a faixa.

(www.flickr.com/ricardomallaco)

Foram meses e mais meses sem postar, mas aqui estou.

Eu confesso, perdi para a crítica. Não que eu tenha deixado de criticar, mas sim, sido atropelado por ela. A mesma faixa que eu constantemente atravessava, agora estava lá como um sofá, onde eu, comodamente, sentei e assisti tudo dando notas de 0 a 10.

Virei prisioneiro da minha própria crítica e me senti bem. Meu cinismo, meu olhar, minhas fotos. Perdi o que acho bonito de falar: “o tato”. Talvez até mais do que isso. Perdi a visão, os limites, a estrutura, o sabor e a sabedoria.

Tentei várias vezes voltar a escrever para o Faixa Crítica, mas não dava. Hoje, no dia em que ganhamos uma hora a mais para viver, realizo que perdi um ano.

“Todos nós sabemos: o mundo é ruim”, diz o Rodrigo em Subprodutos(Dead Fish). Sim, ele é uma merda, mas eu extrapolei. Deixei que toda essa maré de crueldade tomasse conta de mim. Não que eu tenha desejado o mal a algumas pessoas, mas também não desejei coisas boas para elas, e é aí que está a perda da estrutura, e quando esta cai, pode saber que o resto é só consequência.

É assim, críticas são como lixos espaciais que jogamos em outros planetas, ou seja, outras pessoas. Mas, infelizmente, um dia eles podem voltar e entrar na nossa órbita, e aí meu caro, o lixo vem pegando fogo.

Já tinha esquecido como era o jeito correto. Esperar pelo sinal verde para pedestres, olhar pros lados, caminhar pela faixa e por último, e mais importante, chegar são e salvo do outro lado. Ok, eu não cheguei são.

Hoje, com essa uma hora a mais que o fim do horário de verão me proporcionou, eu pude escrever esse texto com inspiração. Não posso prometer que ela voltará em breve, mas eu torço para que se voltar, que volte como crítica construtiva, pois de destruição eu ultrapassei minha cota do ano.

sábado, 6 de junho de 2009

Em busca de espaço


Nunca me agradou ler notícias sobre missões espaciais, fico pensativo. Já discuti isso com meu pai, que vê benefícios nelas, além de ouvir minha tia, que trabalha nesse meio, dizendo que são importantes para desenvolvimento de novas tecnologias. Como já disse uma vez nesse blog, pra mim tecnologia demais é repreensiva a inteligência dos povos, mas tudo bem, precisamos de pesquisas para facilitar nosso dia-a-dia, certo?

Pesquisei sobre custos com missões espaciais e afins e aí estão: a NASA (Agência Espacial Americana) consome anualmente cerca de US$ 17 bilhões, enquanto fontes oficiais chinesas declaram um gasto de menos de US$ 2 bilhões por ano. O Japão gasta anualmente (US$ 2,5 bilhões), a ESA (a Agência Espacial Européia gasta US$ 4 bilhões por ano) e a Rússia cerca de US$ 1 bilhão.

Muito ou pouco dinheiro? Gasto útil ou não? A resposta vai variar, depende muito da pessoa e do país em referência.

Os gastos americanos (17 bilhões de dólares, aproximadamente 36,8 bilhões de reais) são lamentáveis, quando mais de 37 milhões de pessoas nos EUA, são classificadas oficialmente como pobres, e o tamanho dessa população vem aumentando há anos. Em 2004, segundo dados do governo, 1,1 milhão de norte-americanos caíram para baixo da linha de pobreza, o equivalente à população inteira de uma grande cidade como Dallas ou Praga (Fonte: Reuters). É como um pai bem nutrido não oferecer comida a um filho morrendo de fome.


O que é possível fazer com 17 bilhões de dólares, além de mandar foguetes para o desconhecido? Alimentar crianças que estão há uma semana sem comer na África? Será possível? Deixemos um pouco de lado a tão citada e conhecida fome na África e vamos discutir sobre os necessitados que moram ao nosso lado.

Morei durante um ano nos Estados Unidos, e presenciava uma situação um tanto estranha diariamente. Saia da casa em morava (de uma família americana de classe alta que me aceitou como estudante) para ir para escola. No caminho até ela, saiamos do luxuoso condomínio em que morávamos e passávamos ao lado de um “condomínio de trailers” onde gente mora com o mínimo de conforto, onde no inverno o frio parecia ser maior para os moradores desses conjuntos. Às vezes ao nosso lado está a pobreza e não percebemos, “isso não tem aqui, não”.


"É como um pai bem nutrido não oferecer comida a um filho morrendo de fome."


Gosto muitas das estrelas, mas não imagino, nem se tivesse condições, pagando fortunas para vê-las de perto. Para visitar a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês), interessados terão que desembolsar um valor entre US$ 35 milhões e US$ 45 milhões (algo entre R$ 75 milhões e R$ 97 milhões de reais), conforme anunciou a Space Adventures (SA), agência especializada em turismo espacial. É muito dinheiro jogado no espaço.

Alguns talvez digam que eu, se Deus permitir, como futuro jornalista, “deveria ser mais mente aberta a essas questões, países precisam mostrar seu poderio”. Lamento, talvez possa parecer arrogante, mas vejo estudos espaciais como forma de distração ou até mesmo curiosidade, e num momento pessoas estão precisando de uma ajuda mínima comparada a toda a quantia de papel moeda desperdiçada.

A Astrobiologia (ramo que busca a vida no universo) é outra situação um tanto quanto irônica ao meu modo de pensar. De acordo com as teorias produzidas por antropólogos atuais, o Homo sapiens teve origem nas savanas de África entre 130.000 a 200.000 anos atrás. “Legal Ricardo, e aí?”, espera, vou tentar explicar. Pra quê estamos nos preocupando em achar vida em outro planeta, se não ligamos nem pras que temos no nosso? Quantos anos mais vamos precisar para entender que não adianta criar mais perguntas se muitas questões na Terra ainda não foram resolvidas?


Pense nisso enquanto observo a Lua daqui de baixo.

terça-feira, 31 de março de 2009

Já que toquei no assunto

Já que toquei no assunto há pouco tempo atrás, vou voltar, desta vez, rapidamente com o tema sobre moradores de rua.
Hoje (dia 31/03), presenciei a destruição de ruínas de uma casa em um terreno baldio no bairro Coração Eucarístico, Belo Horizonte.
Venho notando há alguns meses, que um morador de rua passava suas noites nesse "abrigo". Esperando que algo diferente pudesse acontecer, eu sempre passava o olho nesse lugar pra ver se o homem ainda estava lá.
Algumas vezes, à noite esse homem costumava fazer uma fogueira, não sei se para se aquecer ou iluminar o local.
Hoje à tarde escutei que alguém gritava, e era o homem. Havia três outras pessoas no local, provavelmente com intuito de derrubar as ruínas, pois dois deles portavam marretas.
No vídeo, o desabrigado está de boné vermelho e briga com um homem, pedindo que explique o porquê da demolição do lugar onde morava. Instantes depois o último resquício da casa vai abaixo.


(filmado por Ricardo Mallaco)

Não sei as razões que levaram a destruição do resto de casa que lá existia, mas no vídeo é possível perceber que a emoção do morador de rua ao ver sua "casa" ir abaixo é tão grande como se o lugar fosse um templo para ele. Um lugar onde tivesse um mínimo de privacidade, conforto e segurança, mas não era esta a realidade. Ele se apegou a uma "casa" sem teto, mas era lá onde ele havia firmado seu lar. Não doce, apenas lar.

sábado, 14 de março de 2009

O resto do mundo

(foto por Ricardo Mallaco)


A primeira matéria que fiz foi na primeira semana de aula do primeiro período da faculdade. Foi a mais difícil, porque ainda não entendia o que era ser jornalista e apurar com imparcialidade.

Matéria sobre moradores de rua do bairro em que moro.

Mas o que são moradores de rua? A resposta varia.

Pra muita gente são apenas alguns objetos que atrapalham a passagem daqueles que pagam impostos, sujam a imagem de cartões postais, devem sair do meu bairro.

Deparamo-nos algumas vezes com pessoas dizendo que pra “acabar” com os mendigos, deveríamos parar de dar esmolas, “assim eles saem daqui”, concluem. Ok, eles saem daqui e vão pra outro bairro ou local, onde outros vão dizer a mesma coisa e assim a batata quente vai sendo passada de mão em mão. Quem irá se responsabilizar por esses seres humanos?

A existência dos sem-teto é conseqüência do desemprego estrutural, falta de políticas públicas favoráveis aos trabalhadores e à população empobrecida.

Por que morar na rua? São muitas as causas: vício, desemprego, problemas mentais, falta de estrutura familiar. Acredito que se alguma pessoa foi morar na rua por outro problema sem ser o vício, acaba adquirindo-o com o passar do tempo. Não os culpo, estar fora da lamentável realidade de suas vidas deve ser o único prazer, se é que posso usar essa palavra pra uma vida em que não se vive, se é castigado.

Os governantes deveriam tomar providências para ajudar os moradores de rua. Mas os desabrigados não votam, então não teria razão em ajudar alguém que não lhes oferece algo em troca.


"Quem irá se responsabilizar por esses seres humanos?"

Já vimos várias casos onde indivíduos tentaram enfrentar tal população de forma violenta.

Quem não se lembra dos adolescentes de classe média que queimaram um índio Pataxó Galdino quando dormia num abrigo de ônibus em Brasília? Em Vila Velha, no Espírito Santo, aconteceu algo parecido há pouco tempo atrás. Veja no vídeo:


Alegando vingança, diversão (como disseram os adolescentes) ou qualquer outra coisa, não justifica tirar a vida de alguém.

Gênio da música brasileira, Gabriel O Pensador em um de seus momentos de grande inspiração escreveu a música O Resto do Mundo, em que fala sobre os moradores de rua de forma espetacular:

"Eu me chamo de excluído como alguém me chamou

Mas pode me chamar do que quiser seu dotô

Eu num tenho nome

Eu num tenho identidade

Eu num tenho nem certeza se eu sou gente de verdade

Eu num tenho nada

Mas gostaria de ter

Aproveita seu dotô e dá um trocado pra eu comer...“

Enquanto políticos roubam milhões, eles só querem alguns trocados pra se alimentar.

Enquanto alguns sonham em ter casas mais confortáveis, eles só querem ter um lugar onde tenham um mínimo de privacidade.

Enquanto pessoas sonham em ter carros mais velozes, eles só torcem para que estes não os atingam.

Eles não chegam a ser pobres, estão abaixo dessa linha, eles são moradores de rua, não têm privacidade, não têm comida, não têm família estruturada, não têm carro, não têm computador nem eletricidade pra ler esse blog, não têm carinho, não têm felicidade, não tem nada. Do mundo eles só têm duas coisas, as calçadas e o oxigênio, ambos sujos. Deveriam ter esperança, mas nesta já atearam fogo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Adeus povo bom...

ESTE TEXTO FOI ESCRITO POR BRETT GREGORY JOHNSON

O outro dia eu estava andando para o EPA no Coreu, e senti um peso grande em algum lugar no meio da cabeça. Veio a toa, mas sabia o que era, e sabia que senti-lo-ia de novo, várias vezes durante os próximos 20 dias, e certamente depois. Parece que tem uma grande hidroelétrica atrás dos olhos, e a água está acumulando atrás dela. A água acumula por causa da tristeza, mas controlamos ela e prevenimos que ela acumule demais. Mas, quando menos esperamos, quando somos atingidos de repente por um momento tão triste que não podemos escapar dela, a hidroelétrica quebra baixo o peso da água, e a água se alvoroça dela sem parar.

A minha hidroelétrica ainda está intacta. Por enquanto.

Durante meu tempo aqui no Brasil, tenho sonhado literalmente uma vez por semana com a minha volta para casa. Sempre é a mesma coisa. Chego no aeroporto de Cedar Rapids, Iowa. Abraço a minha família e meus amigos. Dou uma voltinha pela cidade para visitar lugares e amigos e matar saudades. E depois acordo, e ainda estou no Brasil. Realmente não fico triste, mas as saudades de casa perduram.

Ultimamente, não tenho tido esses sonhos. Não porque perdi as minhas saudades de casa; elas ainda permanecem. Mas sim porque está caindo a grande ficha de que daqui a 2 dias (desde esta postagem) tudo o que era a minha vida pelos últimos 10 meses vai-se trocar pela minha vida antiga. A rotina diária, a comida, os sentidos, a língua, as interações com o povo, os desafios grandes e pequenos de cada dia, as aulas, e os queridos amigos, tudo vai mudar.

É a vida agridoce de um viajante. Por um lado, conhece novas paisagens, novas culturas, novos amigos, e, a final de contas, novas coisas sobre si mesmo e sobre a sua cultura natal. Por outro lado, conhecer novo povo significa despedir de outro, e voltar depois para este significa despedir daquele, com quem você já ficou confortável, e a quem você realmente deve todo o seu crescimento como ser humano e cidadão global durante o seu tempo com eles. Nosso mundo atual globalizado alivia o dor através de meios de comunicação mais extensivas: email, Orkut, Facebook, Skype, até este mesmo blog. Mas só um pouquinho. Nem o Skype, com a potência não só de falar com uma pessoa no outro lado do mundo, mas também de ver ela por webcam, pode suplantar um encontro de amigos num boteco ou teatro ou fora da sala de aula.

Eu cheguei no Brasil numa boa onda. Tinha uma professora belohorizontina na minha faculdade em Iowa, com quem estudei português (até um pouco de mineirês) e cultura e literatura brasileira. Ganhei uma bolsa da organização Rotary International para estudar na PUC e morar em BH durante este ano, sem a qual eu não teria tido os recursos para financiar uma experiência assim. Mas a realidade difícil dessa boa onda é que ganhei essa bolsa em junho de 2006, 20 meses antes de embarcar para cá. O Brett naquele momento estava mais doido do que nunca para sair da sua casa, com a qual não tinha ligação muito forte. 20 meses depois, o Brett não era o mesmo: tinha criado ligações mais fortes com a família dele e com os novos amigos que ele tinha feito durante aquele tempo. Aquele dia frio e invernal de despedido foi mais difícil do que eu esperava; a minha hidroelétrica quebrou mais de uma vez. Mas o desafio foi preciso, ainda que significasse soltar de uma ligação com a casa mais forte do que nunca. O meu destino já foi escrito, as cartas baralhadas. Foi minha vez para jogar.

E agora, enquanto está chegando cada vez mais perto o dia da minha volta, a aparição do Brett de 2006 me está visitando de novo. O que fiz neste país, as pessoas que conheci, as amizades que criei, todo o que aprendi, tudo aconteceu como aquele Brett queria. Ele e o Brett de fevereiro de 2008 já fizeram um acordo de paz. Mas o novo Brett que resultou dessa paz—eu—está amaldiçoado com o seguinte dilema: está pronto para voltar para casa, mas não está pronto para despedir daqui.

A minha terra não tem palmeiras. Bom, pelo menos em Iowa não tem. Califórnia e Flórida têm sim. Do que saiba não tem sabiá. Mas as cigarras que lá gorjeiam, gorjeiam muito mais bonito do que as de cá. Ou pelo menos digo eu. A verdade é que há coisas nesse mundo que fazem com que não deixamos de ser encantados com nossas terras natais. Quais são algumas dessas coisas que estou muito emocionado de ter de novo em minha vida (além de família e amigos)?

· Café sem açúcar
· Comida mexicana
· A soberania absoluta da Lei
· Estradas estreitas
· Ruas que dão para correr
· Barack Obama
· Estações que realmente mudam uma para a outra

Mas com certeza existem coisas que não estou emocionado a ver de novo—aquelas coisas que causam o chamado “choque cultural ao revês”:

· Carros grandes
· O povo “redneck” ignorante
· Competição altíssima no mercado de trabalho
· A economia estragada
· Os “suburbs”
· A mídia norte-americana
· Invernos frios demais e verões quentes demais

E é lógico que tem muitas coisas brasileiras de que vou ter saudades (além dos meus amigos queridos):

· As dezenas de frutas que não temos em Iowa
· Comida mineira
· Clima agradável
· A cultura do boteco
· Paisagens lindas ao meu redor
· Transporte público bom
· O fato que todo mundo decora as letras de cada música imaginável

Mas também tem aquelas coisas que, honestamente, estou pronto para despedir:

· Burocracia
· Os malucos motoristas e motoboys
· Estudantes falando na sala de aula
· O sol forte, que queima minha pele nórdica, e que faz difícil tirar fotos boas antes das 4 horas da tarde
· Falta de respeito para o espaço pessoal do outro enquanto andando na rua o no supermercado
· A alta formalidade de eventos importantes, e pessoas que falam demais neles
· O anti-americanismo, que, embora justificado em certos casos, chega a ser cansativo

Agora vocês acabam de ver a minha maior crítica neste blog de crítica. Vou admitir, isso não é nada fácil para um estrangeiro—especialmente um norte-americano—fazer no nosso mundo pós-moderno. O lema do nosso tempo é que não existe bom nem mau quanto a uma dada cultura. Diferenças são só isso: diferenças. Mas—e isso é quase um paradoxo—as características em si de uma cultura, que formam essas diferenças, não são perfeitamente boas nem más. Sempre tem coisa para criticar. Não somos mais positivistas, mas criticamos sim o que precisa ser criticado para melhorar nosso mundo troço por troço. É o “progresso pós-moderno.” No entanto, igual aquela propaganda de Havaianas que citei na minha primeira postagem, alguém de fora criticando a sua cultura é diferente de alguém que nasceu naquela cultura. O criticado fica revoltado, e o criticador estrangeiro ganha cara de arrogante. Especialmente quando o criticador é norte-americano.

Vou te dizer que realmente é difícil andar 10 meses com a “bagagem” do seu país nas suas costas, especialmente quando ela é tão pesada como a dos EUA. É um ônus indesejável. No Brasil, pessoas que conheço no dia-a-dia enquanto estou carregando essa bagagem ou falam “os Estados Unidos é muito melhor do que aqui, neh?” (sendo ele um país de “primeiro mundo”), ou falam “o Brasil é muito melhor do que lá, neh?” Como devo responder em cada caso?

Melhor, como responderia você?

Por mim, eu sempre falo que nenhum lugar no mundo é perfeito, que é a verdade. Mas realmente é difícil construir uma fundação de objetividade nesses momentos. Eu não vim aqui para criticar do Brasil, senão por meio construtivo. Quem sou eu, com tanta bagagem, para falar com aquela primeira pessoa “sim, é verdade, Brasil é muito ruim”? Do outro lado, não vim esperando tomar tanto pau por causa da bagagem do meu país. Mas, apesar de quanto pau já tomei, posso dizer felizmente que a maioria da crítica tem sido construtiva.

Já falei isso para alguns amigos, e vou falar para todo mundo agora. Deve ser fácil viajar como brasileiro. Talvez só em Paraguai e Argentina um brasileiro vá ser mal recebido. E nos EUA um brasileiro infelizmente vai enfrentar ignorância, mas provavelmente nunca ódio. Não é assim para um estadounidense. Um brasileiro pode viajar com a sua bandeira na camisa e receber sorrisos. Um estadounidense? Lógico que não. Meu sonho é poder viajar e ser tratado igual um brasileiro. Para isso acontecer, muito (ital) vai ter que mudar quanto à política externa norte-americana. Mas mais do que isso, vai ter que mudar o comportamento de estadounidenses viajantes normais, sejam turistas, estudantes, ou empresários. Não podemos ser mais os “norte-americanos feios” (“ugly Americans”), arrogantes e sem respeito para culturas locais. Tomara que eu tenha feito a minha parte nessa missão durante o meu tempo aqui.

Apesar de toda a crítica, construtiva ou não, merecida ou não, estou feliz de dizer que eu sim fui bem recebido por um monte de amigos e (acquaintences) brasileiros. Eu podia nomear todos vocês aqui, e falar de todas as razões que vocês são especiais para mim, e todas as maneiras em que mudaram a minha vida. Realmente, vocês merecem isso. Eu não vou fazer simplesmente porque esta postagem viraria longa demais e ficaria chata para todo mundo ler. Mas vocês sabem quem são. Espero nesses últimos dias aqui na sua presença deixar vocês saberem quanto sua presença na minha vida significava, significa, e significará para mim. Eu vim aqui tremendo de medo de como sobreviveria numa terra estrangeira durante 10 meses. Estou indo embora mais forte do que nunca, e devo isso a vocês.

Thank you all so much for all that you have done for me.

Só tenho mais alguma coisa para dizer:

Adeus, povo bom, adeus
Adeus, que eu já vou embora
Pelas águas do rio eu vim
Pelas águas do rio eu vou embora
Obrigado, povo bom.