sábado, 6 de junho de 2009

Em busca de espaço


Nunca me agradou ler notícias sobre missões espaciais, fico pensativo. Já discuti isso com meu pai, que vê benefícios nelas, além de ouvir minha tia, que trabalha nesse meio, dizendo que são importantes para desenvolvimento de novas tecnologias. Como já disse uma vez nesse blog, pra mim tecnologia demais é repreensiva a inteligência dos povos, mas tudo bem, precisamos de pesquisas para facilitar nosso dia-a-dia, certo?

Pesquisei sobre custos com missões espaciais e afins e aí estão: a NASA (Agência Espacial Americana) consome anualmente cerca de US$ 17 bilhões, enquanto fontes oficiais chinesas declaram um gasto de menos de US$ 2 bilhões por ano. O Japão gasta anualmente (US$ 2,5 bilhões), a ESA (a Agência Espacial Européia gasta US$ 4 bilhões por ano) e a Rússia cerca de US$ 1 bilhão.

Muito ou pouco dinheiro? Gasto útil ou não? A resposta vai variar, depende muito da pessoa e do país em referência.

Os gastos americanos (17 bilhões de dólares, aproximadamente 36,8 bilhões de reais) são lamentáveis, quando mais de 37 milhões de pessoas nos EUA, são classificadas oficialmente como pobres, e o tamanho dessa população vem aumentando há anos. Em 2004, segundo dados do governo, 1,1 milhão de norte-americanos caíram para baixo da linha de pobreza, o equivalente à população inteira de uma grande cidade como Dallas ou Praga (Fonte: Reuters). É como um pai bem nutrido não oferecer comida a um filho morrendo de fome.


O que é possível fazer com 17 bilhões de dólares, além de mandar foguetes para o desconhecido? Alimentar crianças que estão há uma semana sem comer na África? Será possível? Deixemos um pouco de lado a tão citada e conhecida fome na África e vamos discutir sobre os necessitados que moram ao nosso lado.

Morei durante um ano nos Estados Unidos, e presenciava uma situação um tanto estranha diariamente. Saia da casa em morava (de uma família americana de classe alta que me aceitou como estudante) para ir para escola. No caminho até ela, saiamos do luxuoso condomínio em que morávamos e passávamos ao lado de um “condomínio de trailers” onde gente mora com o mínimo de conforto, onde no inverno o frio parecia ser maior para os moradores desses conjuntos. Às vezes ao nosso lado está a pobreza e não percebemos, “isso não tem aqui, não”.


"É como um pai bem nutrido não oferecer comida a um filho morrendo de fome."


Gosto muitas das estrelas, mas não imagino, nem se tivesse condições, pagando fortunas para vê-las de perto. Para visitar a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês), interessados terão que desembolsar um valor entre US$ 35 milhões e US$ 45 milhões (algo entre R$ 75 milhões e R$ 97 milhões de reais), conforme anunciou a Space Adventures (SA), agência especializada em turismo espacial. É muito dinheiro jogado no espaço.

Alguns talvez digam que eu, se Deus permitir, como futuro jornalista, “deveria ser mais mente aberta a essas questões, países precisam mostrar seu poderio”. Lamento, talvez possa parecer arrogante, mas vejo estudos espaciais como forma de distração ou até mesmo curiosidade, e num momento pessoas estão precisando de uma ajuda mínima comparada a toda a quantia de papel moeda desperdiçada.

A Astrobiologia (ramo que busca a vida no universo) é outra situação um tanto quanto irônica ao meu modo de pensar. De acordo com as teorias produzidas por antropólogos atuais, o Homo sapiens teve origem nas savanas de África entre 130.000 a 200.000 anos atrás. “Legal Ricardo, e aí?”, espera, vou tentar explicar. Pra quê estamos nos preocupando em achar vida em outro planeta, se não ligamos nem pras que temos no nosso? Quantos anos mais vamos precisar para entender que não adianta criar mais perguntas se muitas questões na Terra ainda não foram resolvidas?


Pense nisso enquanto observo a Lua daqui de baixo.